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Quando o nude vira negócio

O que vocês fazem quando estão à toa? Quais seus hobbies? A que se dedicam quando não estão sendo explorados pelo capitalismo malvadão opressor? Por aqui, além de séries e programas de TV aleatórios, gostamos de nos dedicar a este site, que acaba sendo o ponto de encontro de três passatempos despudorados que se complementam: escrever, fotografar e pôr em prática nossas putarias.

Mulher sorrindo segurando cigarro
Nosso vício? A putaria!

Nós ficamos sinceramente satisfeitos quando temos uma ideia de tema para ensaio, produzimos tudo – locação, cenário, roupas – tiramos as fotos e as postamos aqui. Ou, quando buscamos experiências diferenciadas, já pensando nos relatos que elas podem render. Além do prazer sexual e do tesão do exibicionismo, essas atividades nos trazem uma sensação de bem-estar; seja pelo fato de ser uma válvula de escape para nossos impulsos criativos, ou por ser algo “proibido” que fazemos juntos, aumentando nossa cumplicidade, a verdade é que realmente gostamos de estar por aqui.

Mulher usando macacão de renda preto de costas numa escada empinando a bunda
Não é só uma foto na escada, mas sim o resultado de todo um trabalho de produção. Somos amadores, mas dedicados.

Isso tudo é muito bonito, mas às vezes parece que estamos na contramão do mundo. A regra, hoje em dia, é cobrar, ganhar dinheiro, monetizar. Há uma profusão de “sex influencers” por aí, especialmente no Instagram, que tentam faturar das mais diversas formas – desde os convencionais Privacy e Onlyfans, até produtos mais improváveis, sofisticados, como cursos, mentorias, podcasts, livros e festas. O empreendedorismo +18 está crescendo, bombando, com o perdão dos trocadilhos.

Pra gente, nada muda. Não pretendemos começar a cobrar, até porque, se fôssemos fazer isso, seria pelo serviço completo, na prática, como já fizemos uma vez por curiosidade. Mas, ainda assim, a curiosidade existe: por que tanta gente vem monetizando o sexo ultimamente? O que está por trás disso?

Mulher usando macacão de renda preto de costas, com a bunda apertada por uma mão masculina
Se fôssemos monetizar nossa putaria, certamente o faríamos de formas mais palpáveis.

A primeira resposta que vem à mente é, claro, a mais óbvia: dinheiro! Dentro da nossa realidade de trabalhos que pagam mal e contas que nunca fecham, tentar transformar hobbies numa atividade lucrativa acaba se tornando uma alternativa para complementar a renda. Isso é um fenômeno amplo, mas que acaba também englobando a putaria; certamente alguém por aí já disse que se trata da “uberização do sexo”, e talvez não esteja tão errado assim. O paralelo é fácil: a garota sem possibilidades de sustento que há anos atrás encontrava na prostituição tradicional sua forma de sustento, hoje em dia vende não seu corpo, mas sua imagem, através dos “packs”, Onlyfans ou Privacy. A essência, contudo, permanece a mesma.

Claro que isso não é uma situação tão simples assim. Esse universo não tem apenas essas garotas, é bem mais amplo. Por exemplo, ultimamente tem chamado a nossa atenção no Sexlog – pra quem não conhece, uma rede social voltada para interações liberais – a quantidade de perfis que utilizam eufemismos como “ADORAMOS SER MIMADOS”, “Não cobro por sexo, mas quem não gosta de um agrado?”, “À espera de um generoso.”. São pessoas que talvez tenham pensado “por que fazer de graça, se eu posso cobrar por isso?”. Provavelmente não é a renda principal deles; talvez seja apenas mais uma aplicação da Lei de Gérson, que tão bem nos descreve enquanto povo.

Mulher usando macacão de renda preto de costas sorrindo enquanto uma mão masculina aperta seus seios
Somos brasileiros meio fajutos, não ligamos de levar vantagem em tudo.

A outra resposta que pensamos também é simples: a satisfação do ego. Pensamentos como “sou tão gostosa que as pessoas pagam pra me ver nua!” e similares certamente povoam e satisfazem a mente narcisista de algumas pessoas. O dinheiro, nesse caso, não é um fim em si, mas um meio, o alimento desse sentimento de egotismo. Eventualmente, ele acaba sendo até mesmo um coadjuvante: a pessoa busca em primeiro lugar dar vazão a uma persona “influencer”, buscando uma validação alheia medida em likes e seguidores, e que acaba rendendo uns trocados.

Mulher usando macacão de renda preto com um dos seios de fora
Opinião polêmica: achamos que algumas pessoas do meio liberal que “dão a cara a tapa”, mostrando os rostos e assumindo publicamente suas preferências sexuais, fazem isso por sinalização de virtude – a vaidade de se mostrar como “virtuosos”, melhores que os demais.

É óbvio que existem outros fatores que levam às pessoas a monetizar o sexo, sentimentos que talvez nem sonhemos em imaginar. Mas, na nossa visão, a busca pelo dinheiro e pela satisfação do ego, são os principais. Quando se percebe que o Onlyfans faturou US$ 5,5 bilhões em 2022, isso torna-se difícil de negar, especialmente a motivação financeira. Mas, na corrida por uma parte desse bilhões, muitas mulheres, algumas meninas ainda, acabam sofrendo danos psicológicos graves; mesmo aquelas que mais faturam parecem não escapar disso. O mito “trabalhe com aquilo que ama e não precisará mais trabalhar” é especialmente cruel nesses casos, crucificando mulheres que se dispõem a um papel considerado “errado” pela maioria da sociedade (sejamos realistas: o Brasil é um país extraordinariamente hipócrita). A sanidade mental pode ir embora ao ficar exposta a todo o tipo de comentário cruel, críticas maldosas e haters e stalkers implacáveis. Se no início havia algum prazer, onde ele fica após isso tudo?

Mulher usando macacão de renda preto sentada numa cama, sorrindo, com a buceta à mostra
O Onlyfans tem cerca de três milhões de criadores de conteúdo. O site fatura US$ 5,5 bilhões, e fica com 20% disso; assim, em média, cada criador leva cerca de R$ 600 por mês.

Não nos interpretem erroneamente, esse texto não é uma crítica a quem monetiza o sexo na internet. Nós já pensamos em vender conteúdo antes de iniciar com nosso site, mas desistimos ao perceber meninas recém chegadas à maioridade oferecendo fotos ginecológicas por menos de cinco reais – esse é um tipo de jogo que, por sorte, podemos nos dar ao luxo de não querer jogar. Ganhar dinheiro é bom? É, não há dúvidas. Mas, numa era em que todos querem se destacar e faturar nas redes sociais, somos muito privilegiados em fazer apenas o que a gente gosta, na hora em que a gente quer – e, acima de tudo, em conseguirmos manter nossas vidinhas comuns à parte disso tudo. Isso, não há dinheiro que pague.

Mulher usando macacão de renda preto sentada numa cama
Mesmo não vendendo conteúdo, todos os nossos textos terminam com um lembrete de que aceitamos contribuições de qualquer valor via pix. Não vamos ser hipócritas de não pedir isso agora, então sintam-se à vontade!

15 comentários em “Quando o nude vira negócio”

  1. Respondendo a pergunta do primeiro parágrafo, além das séries, livros e futebol, gosto de passar parte do meu tempo livre em busca de conteúdos sexuais que tenham relação com algumas das minhas fantasias reprimidas. Uma espécie de válvula de escape pro meu mundo rotineiro. Ironicamente, embora vivamos numa era de liberdade sexual nunca antes vista, a lei da oferta e da procura criou duas situações opostas: ou se produz conteúdo pago puramente plastificado, visando unicamente fins comerciais, sem qualquer preocupação genuína com a putaria raiz ou se faz produções vulgares de baixa qualidade, acessíveis a todos, porém, igualmente sem qualidade. Espaços como este aqui são raríssimos. Infelizmente, muitos blogs e plataformas acessíveis do tipo, como o Tumblr, onde gente comum podia abertamente expor seus desejos mais proibidos de forma genuína e livre, desapareceram. Sou anacrônico e curto safadeza de verdade. Esse é o tipo de coisa que procuro. O site da mulher comum que gosta muito de sexo e tem um blog pra falar das sacanagens que inundam sua mente devassa. Ou da que trai o marido e resolve contar suas aventuras. Ou da que tem o fetiche de se exibir pra homens desconhecidos. Isso me deixa de pau duro. A foto dessa bunda na escada dá mais tesão que uma influencer qualquer se masturbando de mentira num ângulo ginecológico, só pra ganhar dinheiro.

    1. Entendemos você. Costumamos dizer que estamos uns dez anos atrasados, deveríamos estar por aqui na Era de Ouro dos Blogs de Putaria. Eles eram os dinossauros, as redes sociais foram o meteoro, somos mera lagartixas tentando sobreviver num ambiente inóspito.

  2. Além da “crise” atual no campo dos conteúdos eróticos, causada pelos próprios produtores do gênero, ainda há um outro grande problema adicional. O meteoro das redes sociais, quando caiu, trouxe consigo o elemento extremamente nocivo do politicamente correto, que vem exterminando o pouco que sobrou de “vida saudável” na área. Os blogs mais legais foram varridos do mapa. Por isso, como alguém que acessa este espaço, peço a vocês que não desistam. Sei que é difícil, por razões óbvias da vida cotidiana, mas, na medida do possível, quando possível, façam mais conteúdo, interajam mais com seus leitores. Eles podem ser poucos, raros até, mas sempre voltam aqui em busca da verdade existente em vocês, que gostam da putaria pela putaria.

    1. É um ponto interessante.

      Nós temos uma visão contrária ao politicamente correto, mas honestamente não conseguimos ver muito como ele contribuiu de forma significativa para o fim dos blogs. A gente acha que o PC se encaixa muito mais numa “pasteurização” da putaria que temos visto atualmente, no sentido de tentar mostrar o swing como “errado” por supostamente objetificar as pessoas – e, nesse contexto, o contraponto seria a “boazinha” não-monogamia.

  3. Eu acredito que são dois problemas: a oferta quase infinita de conteúdo sexual, que gera coisas de má qualidade pra atender a demanda (ou são toscos demais ou são pasteurizados demais), sejam eles pagos ou gratuitos e o politicamente correto, que eliminou o pouco de verdade ainda existente em alguns blogs, pois era ali que as pessoas comuns podiam expressar suas vontades mais íntimas, sem precisar se expor. Outro dia descobriram que um ator mantinha um site voltado pro fetiche dele, que não tinha nada de ilegal e perseguiram o cara só por conta disso. Falar de desejos bem particulares hoje está praticamente fora de cogitação. Restaram espaços muito restritos pra gente de verdade poder se manifestar de forma livre e partilhar suas fantasias com outros anônimos.

    1. Bem, não há como negar que você está totalmente certo no caso do cara do scat, o que fizeram com ele foi um absurdo!

      E, no final das contas é isso mesmo, infelizmente: “Restaram espaços muito restritos pra gente de verdade poder se manifestar de forma livre e partilhar suas fantasias com outros anônimos.”

  4. Se eu puder contribuir com uma sugestão, indicaria os canais da Rafaela Cavalcanti no YouTube e no Privacy, o Rafa Zero Tabu. Embora não curta os fetiches dela, admiro a coragem da moça em falar abertamente e em detalhes sórdidos sobre as coisas que gosta na cama. No Privacy o conteudo não é explícito em relação a nudez da moça (o que lamento, pq a acho gata demais e naturalmente sensual), porém, ainda assim, muito interessante ao mostrar que não há limites em busca da satisfação sexual.

    1. Desconhecíamos. Agradecemos a sugestão, mas a princípio não a incluiremos, por dois motivos: (1) vamos focar em blogs, ou seja, locais com conteúdo predominantemente escrito, ou fotos. Isso facilita nossa vida, tanto por já conhecermos alguns, quanto por poupar nosso tempo de ter que buscar conteúdo em YT/TK; (2) ela cai no assunto de nosso último texto. Vamos listar aqueles que não são focados em monetização.

      Agora, se tiver alguma outra sugestão dentro desse critério – blog ou site “amador”, em que a(s) pessoa(s) crie(m) e poste(m) o próprio conteúdo – pode mandar!

  5. Entendi. Infelizmente, em relação a blogs atuais, não conheço nenhum com essa característica de tratar sobre sexo de forma pessoal. Parece que agora só existem blogs educativos a respeito de sexo. Sabendo de algum, indico aqui. Curioso pra ver esse futuro post de vocês.

  6. Pingback: Sobreviventes – Casal Fetichista

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